Debrucei-me na janela, espichei o pescoço pra ver melhor
a rua, tudo calmo, tranqüilo, mas algo me chamou atenção: uma silhueta no final
da rua tirei os óculos, limpei e recoloquei pra enxergar melhor.
Estavas lá, mãos nos bolsos, caminhastes em minha direção
de cabeça baixa, eu quase não acreditava no que via. Mas era você, passos
lentos, à medida que você se aproximava, meu coração pulsava mais forte,
respirava mais rápido, as pernas tremeram, o mundo rodou e eu na maior
expectativa, só aguardando você se aproximar e ver-me também.
Você veio, devagar, passou em frente à janela onde eu
estava e sequer levantou a cabeça, minha presença ali nada significou, passaste
direto eu segui te acompanhando com o olhar, vontade de te chamar, gritar teu
nome, mas não tinha voz.
As lágrimas escorriam livres pelo meu rosto, não sei
quanto tempo permaneci ali, esperei em vão tua volta, as horas passaram e eu
continuei lá, quieta na janela, não via mais nada, as lágrimas não deixavam, o
único som que ouvia era do meu choro baixinho.
Ainda não acredito que você partiu, que não voltas
mais.
Escrito por Maria José
Autora do DIÁRIO DE UMA LOUCA
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