Ele chegou, tocou levemente a campainha, eu tremia de
emoção esperava por esse momento há vários dias. Aproximei-me da porta, devagar
coração a mil, suando frio.
Lentamente abri a porta e lá estava ele, impecável, terno
bem passado, uma rosa vermelha na mão, nenhum fio de cabelo fora do lugar, da
forma que imaginei como seria a primeira visita dele a minha casa.
Cumprimentou-me elegantemente com um leve beijo na testa,
segurou minha mão e eu percebi que ele também estava trêmulo e emocionado.
De mãos dadas entramos, percorremos o extenso corredor
que eu havia decorado com vasos de flores perfumadas e nos sentamos em uma
poltrona de couro em frente à lareira.
Tentei falar, mas não conseguia, nossos corpos se
aproximavam lentamente e quando percebi o vestido vermelho que tinha escolhido
especialmente para aquela ocasião, o sapato de salto, nada estava mais sobre mim,
o vestido jogado numa cadeira junto o terno dele, nossos sapatos espalhados na
sala e dali foi inevitável procurarmos o quarto, nos jogarmos da cama, nos
amamos enlouquecidamente, e adormecemos abraçados.
Acordei com um beijo na testa e ele a meu lado me olhando
intensamente.
Ele disse que precisaria partir, tomou um banho rápido,
vestiu-se e saiu com um sorriso estampado no rosto.
Permaneci ali por várias horas revivendo em pensamento
todas as cenas vividas durante a noite. Ainda hoje cinco anos depois estamos
casados, enquanto nossos filhos (um casal) brincam no jardim, nos olhamos e
sorrimos relembrando “aquela noite”.
Escrito por Maria José de Sousa
Autora do DIÁRIO DE UMA LOUCA