quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A ÁRVORE E O SEU DESTINO



Nasci e cresci na mata, numa vida monótona, o que quebrava a rotina dos meus dias era o barulho de serras elétricas que começou um pouco longe depois foi se aproximando e a cada dia eu ouvia o barulho mais alto, sinal que estavam bem pertinho de mim.
Eu era forte já, saudável, porém um belo dia um grupo aproximou-se e começaram a conversar, ouvi claramente eles dizerem após o almoço é hora dessa aqui, fiquei a imaginar o que iriam fazer comigo, para onde iam me levar em que seria transformada.
Enfim chegou a hora, me cortaram, retiraram os galhos e juntaram a outros troncos iguais a mim. Jogaram-nos de qualquer jeito em cima de um carro e conduziram-nos até a cidade, lá repetiram a cena, jogaram-nos no chão e fomos levados a um armazém grande.
Aí sim eu tremi de medo, muitas máquinas, serras afiadas, um monte de gente entrando e saindo do armazém.
Chegou um homem forte me examinou e disse ao colega essa serve direitinho. Fiquei pensativa, serve para que? No dia seguinte me colocaram na máquina, era um barulho de serras, em seguida me encheram de pregos, depois passaram outra máquina para me alisar e eu lá esperando para ver o que seria tudo aquilo.
Então ouvi, está pronta pode levar para loja. Fui transportada, colocada em um lugar visível, tudo muito diferente do que estava acostumada a ver.
Dia seguinte fui para uma casa nova, outro tormento, me colocaram para fechar um quarto, era um abre e fecha eu já não aguentava mais.
Anos se passaram e eu na mesma vidinha, um dia qualquer se aproximaram de mim e o dono da casa disse pode tirar essa não serve mais, arrancaram-me e fui jogada fora.
Eu que tinha toda liberdade do mundo, fui transformada em uma porta e quando perdi a serventia fui descartada e atirada ao lixo.


Maria José de Sousa


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