É como se diz por aí, eu estou entregando os pontos, pendurando
as chuteiras. Se disser que não me envergonho disso, estou mentindo, sinto sim
por não ter dado conta do recado como devia, confesso que tentei de tudo pra
não chegar nesse ponto.
Tentei driblar as dificuldades que surgiram ao longo dos
anos, chorava por dentro, mas por fora conseguia tapear colocando um batonzinho
e dando um sorriso, só que chega a hora que é impossível fingir, que tudo está
maravilhoso, porque realmente não está.
Não consigo mais suportar o sofrimento, a dor no peito, a
enorme saudade de tudo que já vivi. Momentos maravilhosos ao lado da família, de
amigos, mas passou, não encontro forças pra reagir.
Sempre fui desajeitada pra pedir algo, mas nesse momento eu
preciso sim de um abraço amigo, de um afago, de um carinho, de alguém que me
escute e me entenda, não por piedade, por eu ser só, está nessa situação,
preciso de alguém que me aceite como sou com todas as minhas virtudes e
defeitos.
Tenho falhas sim, pois sou humana, apesar de muitos nem
perceberem e acredito que isto é um dos pontos que mais me maltrata é não ser
vista como um ser humano normal que necessita de apoio, que precisa chorar sem
ser criticada, que precisa desabafar dividir seus problemas sem ser chamada de “coitada”,
sinceramente não quero compaixão e sim compreensão.
Neste momento me encontro no fundo do poço, dividindo
meus problemas com meu querido travesseiro, ele escuta tudo, me enxuga as
lágrimas, apesar de excelente companheiro e ótimo ouvinte, lhe faltam os
braços, para me aconchegar, a boca para transmitir aquele sorriso de confiança,
de conforto, lhe falta pernas e corpo para o colo, e descobri que preciso muito
de tudo isto, mas enquanto esse socorro não vem, vou ficando na companhia do
meu querido travesseiro.
Escrito por Maria José
Autora do DIÁRIO DE UMA LOUCA
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